"Quando eu era moça, ele dizia que eu tinha sorte dele me querer. Agora velha, sou só um móvel na casa."
Maria dos Remedios, 52
Eu sou do tempo que mulher não separava. Casava, criava filho e pronto.
Casei com 19. Era apaixonada. Mas logo vi que eu era mais empregada que esposa.
Quando eu engordei, ele disse que eu tava “desleixada”.
Quando parei de menstruar, disse que eu “não servia mais nem pra cama”.
Eu fiquei. Fiquei pelos meninos, pela vergonha.
Hoje, com 52, ele fala comigo só pra mandar ou pra reclamar.
E eu só fico ali... calada, porque não sei pra onde ir.
Mas às vezes, quando tô sozinha, me pego cantando baixinho, só pra lembrar que ainda tô viva.