"Eu nem sabia que isso era abuso, só achava tudo muito estranho."

Leticia, 26 anos

Oi... não sei bem como começa isso aqui, mas enfim.

Eu sou a Letícia, tenho 26, e acho que passei por uma coisa ruim. Ou... não sei, tô tentando entender ainda.

Conheci um cara pelo Tinder ano passado, o nome dele era Caio. A gente começou a sair, tudo bem no início. Ele era muito fofo, dizia que eu era a mulher da vida dele com uma semana. Eu fiquei meio assim, mas também tava carente, sabe?

Enfim... a gente começou a namorar e ele era super grudado. Muito. Mandava mensagem toda hora, perguntava onde eu tava, com quem, o que tava fazendo... achava que era ciúme bobo, sei lá, até gostava no começo.

Só que depois ficou pesado. Ele instalou um app no meu celular sem eu saber. Dizia que era pra “minha segurança”. Comecei a sentir que eu não tinha espaço pra nada.

Aí teve um dia... isso é o que mais me deixa mal. Eu acordei de madrugada e ele tava me filmando. Dormindo. Tipo... eu pelada, dormindo, e ele com o celular em cima de mim.

Quando eu perguntei o que ele tava fazendo, ele disse que era porque eu parecia um anjo, que queria guardar aquele momento.

Eu congelei.

Depois descobri mais: ele tinha uma pasta no computador com vários vídeos meus. Dormindo, trocando de roupa, no banho. E eu nunca soube. Nunca autorizei.

Quando tentei terminar com ele, ele me ameaçou. Disse que se eu sumisse, ele ia vazar meus vídeos. Que ninguém ia acreditar em mim. Que eu era doida.

Fiquei presa nesse terror por umas semanas até conseguir fugir. Não dormia direito. Me escondia no banheiro pra chorar.

Consegui sair com ajuda de uma amiga que já tinha passado por coisa parecida. Tô morando com ela agora. Ainda tenho muito medo, muito mesmo. Mas pelo menos eu não tô mais dentro da casa dele.

Eu achava que abuso era só quando apanhava. Mas agora sei que tem outras formas. E que o que ele fez comigo foi uma delas.

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"Quando eu era moça, ele dizia que eu tinha sorte dele me querer. Agora velha, sou só um móvel na casa."

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"A igreja dizia que era minha cruz. Eu carreguei até quase morrer."