“ Assédio sexual com confusão emocional — sem justiça ainda, mas com consciência”
Anônima, 19 anos
Eu era virgem. Não que isso importe, mas pra mim importava, sabe? Eu queria que fosse com alguém que me respeitasse. E ele dizia que respeitava. Que me amava. Que ia esperar.
No começo ele até esperou. Me levava em casa, escrevia cartinha, parecia um menino bom.
Um dia a gente tava na casa dele, os pais tinham viajado. Eu deixei claro que não queria. Não daquele jeito, não naquele dia.
Ele me beijou, foi ficando mais agressivo. Eu falei "para", umas três vezes. Ele não ouviu. Ou fingiu não ouvir.
Quando percebi, ele já tava em cima de mim, tirando minha calça. Eu travada. Não gritava, não conseguia. Só queria que acabasse logo.
Depois ele falou: “Você também quis.”
E eu acreditei.
Fiquei um ano achando que era culpa minha. Que eu tinha dado sinais errados.
Foi numa roda de conversa na faculdade que eu ouvi a palavra “estupro” sendo usada num caso igual ao meu.
Não sei explicar o que senti. Era como se alguém tivesse acendido a luz num lugar onde eu tava há muito tempo.
Ainda não contei pra ninguém da família. Mas agora eu sei o nome do que aconteceu comigo.
E não, eu não quis.